sábado, 15 de setembro de 2012

Paris a la Hemingway!

Esta semana, depois do fiasco da última leitura, me atraquei por dois dias inteiros com o livro da Paula Mclain sobre o casal Hemingway na Paris do início do séc. XX: "Casados com Paris", editado pela Nova Fronteira. Aquele resumo da contracapa (que tem um nome, mas não to lembrando...) já demonstra que o livro mistura ficção e dados da própria autobiografia de Hemingway ("A moveable Feast"), cujo primeiro casamento é o objeto principal da narrativa. Todas as impressões da cidade e de seus personagens daquele momento específico de efervescência cultural são descritos pela primeira mulher de Ernest Hemingway, Hadley Richardson. O livro é um romance baseado na história do casal, mas o mais interessante é a vida louca que levavam em meio aos outros artistas, escritores, pintores, etc... naquele cenário maravilhoso que Paris continua sendo (embora deva confessar que prefiro Londres, mas isso fica para um outro post...).
Ela foi a primeira de muitas esposas que Hemingway teria ao longo da vida que, por sinal, terminou em suicídio, então, pode parecer que o livro vai ser extremamente dramático...mas não é. Ao contrário, é uma leitura leve, dá uma vontade louca de se mudar para Paris levando só um laptop e apreciar, muito bem acompanhada, as muitas facetas da cidade depois uma garrafa de champagne! O que a vida tem de bom, por lá, pode ser bem mais glamuroso. Não acredito que alguém possa passar a vida inteira no ritmo frenético de bebida, amor e farra noturna, o que deve ter algo a ver com as insatisfações que levaram ao suicídio do personagem principal, mas por um período até que seria muito bom! 
Ao mesmo tempo, o livro mostra como pode ser dura a vida de um escritor ainda no início da carreira em uma cidade cara, como já era Paris. Aborda as dificuldades relacionadas à moradia e ao sustento de uma família em um período de pós guerra, a dor moral de quem lutou ou vivenciou as perdas durante esse período. Talvez por ser algo tão distante da minha realidade (note que eu nem sabia que Hemingway lutou e depois cobriu como jornalista vários conflitos deste tipo), a guerra e seus efeitos sobre as pessoas sempre ganham um destaque maior na minha leitura, mesmo quando ela nem é o tema principal, como neste livro. Tenho um profundo respeito pela vida, ainda mais agora, depois de entender como ela é difícil de ser gerada...sempre imagino como deve ser impensável viver um tempo em que a vida de uma pessoa não signifique nada, a não ser um número a mais em milhões de mortos. A gente sempre fala da violência nos centros urbanos e da banalização da morte, mas isso com certeza não é a mesma coisa. Uma guerra deve causar um impacto coletivo que inviabiliza a normalidade por gerações, todos são afetados por ela, pelo peso que ela acarreta sobre a sociedade. 
Acho que esse contexto histórico também contribuiu para que naquele momento as pessoas buscassem loucamente um sentido para a vida, uma afirmação de felicidade e prazer em viver, através da bebida, das artes, do amor mais intenso, mais apaixonado possível, ainda que isso não fosse sustentável para sempre. Por outro lado, quem viveu num período assim deve saber que o "para sempre" não existe, então, melhor viver o momento.
O livro é ótimo e mesmo quando Hadley e Ernest se separam, o que já se esperava desde o início, fica um gostinho de quero mais, porque a autora faz parecer que aqueles foram os melhores anos da vida do casal. 
Como é apenas uma ficção, montada do ponto de vista da esposa, fofoqueira como sou, fiquei com muita vontade de ler a versão do próprio Hemingway sobre este período...já contei aqui que adoro uma biografia! 

Fica aqui a dica deste ótimo livro:


Agora, tenha em mente que depois de ler dá muita, mas muita vontade de ir a Paris! Se não tiver mais férias pela frente, como eu, tranque o cartão de crédito na gaveta até o ano que vem! Nesse meio tempo, ficamos com as fotos...olhar não tira pedaço e mata um pouquinho a vontade...rsrsrsrsrsrsrs





Au revoir!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Leitura pra lá de quente!

Férias pedem uma leitura diferente, relaxante, surpreendente e atrevida. Foi procurando uma aventura para as minhas férias que encontrei o "Cinquenta tons de cinza", romance da autora E. L. James, editado pela Intrínseca, neste ano. Li em formato digital, então, acho que é um pouco mais barato, ainda assim, que pena do meu rico dinheirinho empregado neste livro....rsrsrsrsrsrs. Tudo bem, ele prometia ser uma literatura erótica, promessa cumprida, mas quem disse que era um erótico voltado para o público feminino não entende nada de mulher. O romance começa bem, um encontro por acaso, vai evoluindo muito bem, com uma atração irresistível entre uma estudante e um empresário milionário, e quando chega lá pela metade fica bizarro. Dali em diante o assunto é só sadomasoquismo descrito nos mínimos detalhes em cenas repetitivas de degradação feminina. Sério, erótico seria ótimo, não tenho nada contra, tudo a favor! Nem se trata de mero preconceito contra formas alternativas de fugir da rotina na vida sexual de um casal, porque até aí tudo bem...mas violência doméstica, no estilo "vários tapinhas não doem"... ninguém merece! O pior de tudo é que o enredo parece ir pelo caminho do cara traumatizado que é violento porque teve uma causa traumática escondida no passado, mas que permanece escondida para o leitor até o final, já que isso fica totalmente no ar. A impressão que tive é que o livro tem um fim abrupto, sem mais nem menos, do modo menos empolgante, a parte "submissa" simplesmente decide que não tá afim de apanhar do "dominador" (agressor, do meu ponto de vista) e ponto final, literalmente. Talvez a sensação de história interrompida seja porque há outros 2 volumes da mesma autora ("Cinquenta tons mais escuros" e "Cinquenta tons de liberdade") que dão continuidade ao enredo. Pode até ser que lendo os demais as coisas façam mais sentido... se alguém aí tiver lido me conta se melhora, porque acho que fico por aqui mesmo. O fato é que minhas esperanças de um final redentor para as mais de 400 páginas de um vai não vai sem pé nem cabeça...foram por água abaixo. Depois de tantas tentativas de empolgar, o livro termina sendo um banho frio para a mulherada que, como eu, esperava um romance de verdade, recheado de cenas calientes, mas no contexto mais contemporâneo de uma relação entre homem e mulher, em bases de igualdade e respeito à integridade física dos envolvidos...pelo menos isso, né?!
Bem, na minha modesta opinião, a leitura não vale nem meus vinte e poucos Reais nela empregados, mas para quem curte o estilo tapas e beijos...pode ser bacana.

Vai ver sou apenas muito careta para ver alguma graça neste livro. 

OK, sou mesmo muito careta neste aspecto! Vou ter que admitir: fiquei horrorizada quando o mocinho virou um safadão no meio do livro!
kkkkkkkkkkk

Acho que vou ter que conviver com o fato de que sou muito, muito quadrada, para esse tipo de leitura. Pelo menos agora entendi porque tanto falatório sobre o livro, devia ter desconfiado...

Quem quiser conferir segue o link para maiores informações:


Até a próxima leitura!