quarta-feira, 10 de junho de 2020

Para entender Brasil!

     Há momentos na vida que a realidade nos parece tão incompreensível que o melhor a fazer é admitir que não estamos acompanhando o grupo, como no WhatsApp, e parar para procurar a informação. O Brasil me fez admitir que eu tenho uma limitação realmente, eu não consigo acompanhar a rapidez com que as coisas vão degringolando...
       Eu acredito na democracia, então, ganhe quem ganhe nas eleições, eu rezo pra dar certo e peço a Deus que ilumine nossas vidas pelos próximos 4 anos.
       Não sou petista roxa, não sou bolsominion.
     Eu sou aquela que votou um dia no PT, ficou decepcionada durante o governo Dilma, votou na Marina, que nunca ganha, mas tudo bem...votou em branco porque achava o segundo turno uma tristeza entre o ruim e o pior ainda.
      Para minha surpresa ganhou o pior ainda e, agora, sou aquela que conta os dias para a próxima eleição, na fé de que teremos melhores opções. Mas seja lá onde vc se situe nessa vida, se tem alguma coisa em comum comigo é que nós podemos buscar informação, podemos crescer com tudo que estamos vivenciando. Passar por essa experiência coletiva de fragilidade da democracia, nos irmanou na tarefa de sermos melhores eleitores no futuro.
       A única coisa que pode nos tirar dessa situação difícil é a informação.
       Eu sigo buscando sempre.
    Nessa busca, comprei um livro no início do ano passado que só terminei de ler agora na quarentena.
     O "Elite do Atraso" do Jessé Souza, da editora Leda, é um livro fácil de ler, até porque os acontecimentos mais recentes estão frescos na memórias, as notícias, as investigações da lava-jato citadas, tudo ainda em desenvolvimento...é como se a gente fosse ligando os pontos ao longo da leitura.
        Conforme fui avançando fui pensando que era um livro pra entender o Brasil mesmo, mas quase tão didático quanto um desenho. Não dava para ser mais claro.
Não concordo com tudo literalmente, especialmente, no que toca aos eleitores da Marina, rsrsrs...mas grande parte do livro traduz em palavras uma sensação que eu tinha e não sabia explicar: a de que precisamos falar dos nossos preconceitos, identificar nosso passado escravocrata e como ele ainda nos define, como sociedade.
          Não falamos o suficiente sobre isso.
       Esse livro deixou muito claro para mim que o problema não é simplesmente a corrupção. É muito mais que isso. É a naturalidade com que a desigualdade continua nos arrastando para uma realidade triste de exclusão, de desvalorização de toda uma camada da população. 
Eu me vi naquela classe média retratada ali no livro, a gente vai vivendo e não se dá conta do quanto contribui para as coisas permanecerem como estão há séculos...ignoramos no nosso dia a dia o quão pior a vida está para um monte de gente. 
         Gente que passa pela gente, gente que entra na nossa casa, gente de quem a gente gosta muito.
         Há que se pensar na redução das desigualdades em qualquer governo.
        Isso tem que ser pauta de todo mundo, porque não é possível pensar num futuro do Brasil sem um ponto de partida equânime, um mínimo existencial para todos. Incluir as pessoas é dar a todos o básico de qualidade, os instrumentos que a tornem capaz de ser o que quiser. 
         É preciso reconhecer que todos são passíveis de erro, mas um governo não se avalia só pelo que fez de ruim, é preciso reconhecer as iniciativas de inclusão social e amplia-las cada vez mais, independentemente de onde partiram. 
       Esta crise mundial gerada pela pandemia provavelmente só vai agravar essas desigualdades e nesses momentos é o Estado que tem que garantir o mínimo, ele tem que se fazer presente para os mais vulneráveis, apoiar os pequenos empreendedores, o setor dos serviços...
         Neste momento em que se reclama tanto do tamanho do Estado, das despesas com funcionários públicos, o que vejo é a importância destes funcionários para a nossa própria sobrevivência. Viva o SUS e os servidores que o integram. Vida longa a todos os serviços públicos que continuam funcionando online, muitos ampliando a sua capacidade de teletrabalho, como o tribunal do trabalho, tentando dar efetividade aos direitos dos trabalhadores nesse momento difícil, com tantas demissões.
Espero que isso tudo sirva pra gente refletir sobre o papel do Estado, sobre como ele é muito maior do que a corrupção de um ou outro. Ele é o instrumento para a sociedade que quisermos ser. 
         Toda crise é uma oportunidade de mudança e aprendizado.
         Vamos aprender o que precisamos, para nos tornarmos o que sonhamos.


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