segunda-feira, 20 de agosto de 2012

"Múltipla escolha" e o nosso livre arbítrio!

Sempre achei que esse negócio de livre arbítrio era meio complicado. Parece tudo muito bom, liberdade total, cada uma faz suas escolhas e pronto, do jeito que eu gosto, sem interferências, sem palpites de ninguém, cada um na sua! Só que a coisa foi se complicando...a gente vai lendo um pouquinho mais e vai passando dos 30, então, vai observando as consequências das próprias escolhas e um dia percebe que caiu no conto do vigário! Nesse dia é que percebe que o livre arbítrio só é livre mesmo na hora de decidir para que lado você vai, uma vez escolhido o rumo, as consequências daquela decisão são nossa responsabilidade e aí a liberdade encontra limites. A gente acha que casar é simples, que casa a hora que quiser, descasa quando quiser e ninguém tem nada a ver com isso. Esquece que quando decide dizer sim ao outro, assume um compromisso de tentar fazer a coisa dar certo, de compartilhar tudo, de decidir junto, de abrir mão de uma parcela da própria liberdade, de tolerar mais, de assumir um a família do outro e formar uma nova, de ver os mesmos amigos, viver os mesmos sonhos, até as antipatias do outro a gente acaba incorporando. A gente pensa que tem filhos a hora que quiser, faz com eles tudo que faria sem eles, que os cria como bem entender e ninguém tem nada a ver com isso. Esquece que dar a vida a alguém implica mudar imediatamente de prioridades, que durante algum tempo, o bem estar daquele ser tão indefeso depende unicamente de nós, pais e mães, que seremos os primeiros exemplos e referenciais daquela pessoa em formação. De repente, não mais que de repente, percebi que um monte de escolhas feitas nos últimos cinco anos já determinam meu futuro pelo menos nos próximos 10 anos, porque vou ter que arcar com as responsabilidades dessas escolhas, vou ter que fazer o melhor possível para dar conta dos deveres que vieram dessas escolhas (com relação ao marido e filho, acho que para o resto da vida!...rsrsrsrsrs). Não que isso seja ruim. Só requer um pouco de atenção para viver com coerência as cenas dos próximos capítulos.  Lendo o livro  "Múltipla Escolha"da Lya Luft, editado pela Record, pensei o tempo todo em como é importante assumir nossas escolhas, nos pautar por elas, lembrar e renovar as escolhas certas todos os dias. O livro fala de mitos da nossa sociedade que nós simplesmente vestimos sem pensar se eles nos caem bem, se realmente traduzem nossa vida. Como sempre, a autora escreve muito bem sobre o passar do tempo, sobre o envelhecimento, mas também sobre maternidade, amizade, sofrimento, mas, principalmente, sobre a nossa postura diante dos fatos da vida. Às vezes, escuto dizer que a felicidade não é desse mundo. Lendo o livro tive certeza de que é sim. Entre redes sociais, às vezes escuto dizer que a felicidade ficou artificial, que ninguém é tão feliz nem tão bonito quanto aparenta no facebook...ouso discordar. Todo mundo tem momentos difíceis, mas nem todo mundo deixa que as dificuldades se transformem no centro da sua vida. A felicidade é um estado de espírito, dizem, mas é antes de tudo uma escolha. Cada um escolhe ser feliz ou não. Não adianta olhar para o hoje, fruto de tudo que já fizemos ao longo de anos, pensando que o melhor da vida ficou para trás. Não adianta olhar para o corpo de hoje pensando que bom mesmo era aquele dos meus vinte anos. Assim, como não adianta estar num relacionamento pensando como seria bom poder decidir tudo por si mesmo, fazer o que tivesse vontade, como quando era solteira. É uma ilusão achar que a liberdade, a beleza, a disposição da juventude nos fariam mais felizes. Esse mito para mim é o pior de todos: o de que só se é feliz quando jovem. Na minha opinião, o livro já valeria a pena a leitura só pelo capítulo que aborda esse mito da "gloriosa juventude". A autora mostra como uma frase tão comum "fulana tem espírito jovem" traz em si mesma um significado que não tem razão de ser, por que uma pessoa mais velha precisa de espírito jovem? A idade traz tantas coisas boas, especialmente ao espírito, diga-se de passagem, por que alguém quer elogiar o outro dizendo que apesar da idade seu espírito é jovem?? Nunca tinha parado para pensar nisso...mas acho que ela tem toda razão. E como é cruel para as mulheres, principalmente, as mães, ter que correr atrás do tempo, como se estivesse na esteira da academia, correndo, fazendo ginástica, plástica, dieta, escova progressiva, tudo para ficar no mesmo lugar, porque a passagem do tempo é inexorável. É preciso estar bem consigo mesma, se gostar, mas também é fundamental usar o bom senso para entender quando a preocupação com a aparência está suplantando coisas que deveriam ser mais importantes...Um profissional, antes de mais nada, tem que ser competente, dedicado ao trabalho, comprometido, mesmo que não esteja sempre lindamente vestido. Uma mãe tem que ser presente, estar com os filhos, curtir momentos de lazer, proporcionar segurança nos momentos difíceis, cuidar da saúde física e emocional deles, amar os filhos acima de tudo e de todos, mesmo que não dê tempo de ir à academia ou ao salão de beleza quando forem pequenos. O livro me fez pensar que preciso ser mais feliz com as escolhas que fiz, ver o que cada fase da vida tem de bom, continuar tentando aproveitar o presente, fazer o bem em todas as oportunidades que aparecerem e naquilo que hoje não me faz bem tentar escolher melhor daqui para frente. A vida se repete, as escolhas nunca cessam e cabe só a cada um de nós se ver livre desses mitos abordados pelo livro e ser feliz com o que fez da própria vida. Qual o sentido de remoer as escolhas erradas? Melhor seguir em frente e usar melhor o livre arbítrio no futuro...vivendo plenamente cada etapa da vida. 

Boas escolhas para todos nós!

2 comentários:

  1. Carol, que post lindo!
    Praticamente um renascimento. E quantas e quantas vezes precisamos nos reinventar para nos ajustar às nossas escolhas (boas e não tão boas).
    Toda escolha implica em pelo menos uma renúncia e é preciso ser feliz sem olhar pra trás.
    Eu já decidi por ser feliz (não sou o tempo todo e às vezes preciso mergulhar fundo na minha dor até encontrar a minha mola propulsora - que está sempre no fundo do poço).
    Lindo texto, muito bem escrito por uma das pessoas mais seguras que já conheci: VOCÊ!
    Linda, fé sempre que tudo sempre vai dar certo! Bjo

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  2. Oi, Paulinha! Que bom que vc fez a opção certa, pela felicidade sempre! Muitas vezes pensei em nossas conversas quando li este livro! Sejamos a mola propulsora uma da outra!! Quem sabe assim a gente sai de uma ou outra furada com mais facilidade?! Amiga é para essas coisas...;)

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